segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Artigo parte 2

Prelúdios Missionários em Bom Jardim

O prelúdio missionário exercido pelos capuchinhos em Bom Jardim impulsionou a idéia de progresso que a mentalidade dos habitantes ostentava, afinal, chegava ao município algo que resultaria em inúmeras benfeitorias, oriundos da cúpula eclesiástica que chefiava o catolicismo bonjardinense. Na ocasião, o Padre Fabrício do Amaral na incumbência da paróquia recebe o auxílio da obra missionária dos capuchinhos, liderada pelo Frei Cassiano de Comacchio. É sumamente inquestionável a proporção das missões lideradas pelo estimado frade, o número de pessoas que se faziam presentes, atraídas pelo ministério religioso e pelos seus benefícios.

Apesar das inúmeras novidades que revigoravam a religiosidade dos moradores, proveniente das santas missões, o catolicismo já se encontrava impregnado na origem e na composição social do recém município. No relato do cronista europeu Henry Koster, podemos dimensionar bem essa questão. Ele descreve com suma precisão a grandiosidade do templo católico e a devoção da população nos cultos e festividades.

“As casas são baixas, mas a igreja é grande e bonita [...] vimos que se ia dizer uma missa, e acompanhamos os amigos à igreja. Estava repleta. Uma observação que frequentemente tive ocasião de fazer é que, quando os camponeses se reúnem à porta da igreja nos domingos e dias santos, seu número deve espantar as pessoas que viajarem a região.” (KOSTER, 1816)

É pertinente analisar esse contexto, como um lugar visualmente precário, ostentar uma construção grandiosa para a época e para o local, basicamente capaz de reger e movimentar o cotidiano dos habitantes.

Com a chegada do movimento missionário dos capuchinhos (1874), resultaria no que podemos chamar de solidificação permanente do catolicismo bonjardinense. A comitiva de religiosos junto ao Frei Cassiano foi enviada no intuito de auxiliar nas atividades paroquiais, no ensejo houve a proposta de reforma e ampliação do templo. Foram três anos de obras ininterruptas em prol da edificação e do melhoramento do espaço físico da nova igreja, rematada parcialmente em 1876, beneficiando toda a população.

Os senhores de engenho e as famílias de posse econômica, custearam grande parte da obra, representados nos altares laterais, tradicionalmente mantidos pelos seus sucessores. No dia do respectivo santo, a família responsável pelo altar era convocada para uma missa particular, tradição que durou longos anos e que hoje não se perpetua.

As santas missões vieram acompanhadas da influência arquitetônica européia, linhas e contornos que variam do estilo barroco ao toscano. São inúmeros elementos que exibem com precisão o mesclado dos estilos artísticos aplicado na reconstrução, herança direta dos missionários. O detalhamento das colunas e cornijas, nave única e capela-mor sobre aprofundamento, são evidências do neoclassicismo, movimento que influenciou a arte e a cultura ocidental até meados do século XIX, rebuscando a antiguidade clássica numa perspectiva de renovação expressiva, atingindo seu ápice por volta de 1830.

A obra missionária dos capuchinhos não se resumiu apenas em reconstruções, zelava estimadamente pela conduta social. Podemos simplificar essa questão partindo do seguinte trecho extraído do Jornal Diário de Pernambuco.

“Fr. Caetano de Messina, depois de ter missionado com maior proveito em Pau d’Alho, Tracunhaém, Alagado do Carmo, Limoeiro, Bom Jardim, Nazaré e Palma. Entre os inúmeros bens, que com auxílio da palavra divina promoveu o zeloso ministro do senhor, devemos comemorar a realização de trezentos casamentos de concubinatos, e muitas reconciliações de inimigos mais ou menos figadais.” (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 2002)

O religioso, Frei Caetano de Messina realizava missões junto ao Frei Cassiano de Comacchio, ambos exerciam imenso prestígio por onde passavam.

Muito requisitado em inúmeras províncias do nordeste brasileiro, Frei Cassiano provavelmente esteve no município no início e após conclusão das obras de melhoramento da igreja matriz, onde confiou o cumprimento da planta (das particularidades arquitetônicas na projeção do edifício) ao Frei Caetano (citado no trecho extraído do Jornal Diário de Pernambuco). A população embalada ao ritmo dos capuchinhos acompanhava apreensiva, aguardando a conclusão daquilo que seria o símbolo da religiosidade local.

Era algo totalmente inovador, que posteriormente seria destino de peregrinações de fiéis de toda região, envaidecidos e embasbacados pela grandiosidade e requinte da obra. Tornando o catolicismo cada vez mais sólido nas entranhas culturais do povo, que manifestava com fervor sua credulidade.

O fato irrefutável é que o município de Bom Jardim se tornaria rota de novas missões posteriormente, aquele teria sido apenas o primeiro contato estabelecido pelos franciscanos, que gerou inúmeros proveitos beneficiando diretamente a população. (continua...)

Nenhum comentário:

+ Postagens

Visualizações